Varejo se sai bem no 1º teste de vendas no ano

 

 

O avanço nas vendas na semana da Páscoa evidenciou a melhora na intenção de consumo dos brasileiros. Com projeções de alta que giram entre 3,2% e 5,4% na comparação com o ano passado, a data foi o primeiro teste de vendas do comércio este ano, e o resultado parece ter agradado lojistas de todos os portes.

“A Páscoa norteia o ânimo dos varejistas para as próximas datas comemorativas. Quando a Páscoa é ruim, muitos [lojistas] já baixam a expectativa para o Dia das Mães e namorados, e assim sucessivamente”, explica a especialista em varejo da InTrend Gestão de Negócios, Carolina Dantas.

De acordo ela, o aumento da venda foi generalizado, o que corrobora com a sensação de melhora no consumo como um todo. “Fizemos uma sondagem com nossos clientes, e tanto os supermercados quanto os empórios venderam mais. As chocolaterias também tiveram resultado satisfatório”, comemora.

De acordo com os dados da Boa Vista SCPC este ano o comércio na Páscoa avançou 3,2%, e se deu em cima de um incremento de 2,2% verificado em 2017, sobre 2016. Com as duas altas consecutivas o setor chega perto de recuperar as vendas perdidas em 2016, frente a 2015, quando o comércio para data encolheu 5,8%. “Com a perspectiva de melhoria do cenário econômico, com redução na inflação e nos juros, e recuperação do mercado de trabalho, o comércio deve continuar em tendência de alta. A perspectiva é que as próximas datas comemorativas confirmem essa tendência”, dizem os economistas da Boa Vista, em relatório.

Ainda mais otimista a Serasa Experian e o SPC Brasil apontam um incremento 5,4% nas vendas entre os dias 26 de março e 1º de abril, o melhor resultado para a Páscoa em quatro anos. No final de semana da Páscoa houve aumento de 6,5% nas vendas em todo o País e o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, alerta que ainda é preciso cautela. “Como foram anos seguidos de retração no consumo, essa alta ainda é em cima de uma base muito pequena. Mas ainda assim é um sinal consistente de que o brasileiro está voltando a consumidor”, diz.

Em linha com argumento de Carolina, da InTrend, Pellizzaro Jr. também acredita que o resultado da Páscoa pode balisar futuras decisões dos empresários do comércio. “A Páscoa pode funcionar como uma prévia não só para o Dia das Mães, como para o desempenho da atividade comercial ao longo de 2018. Aos poucos, os consumidores se sentem mais confiantes para voltar a consumir e é um alento para o varejo começar a dar sinais sólidos de recuperação”, argumenta.

Neste ano, segundo um levantamento do SPC Brasil, os produtos mais procurados foram os tradicionais ovos (61%), bombons (51%) e barras de chocolate (48%). “Por isso o varejista que investiu em formatos e preços distintos, para atender todo o tipo de consumidor, conseguiu ganhar mais clientes”, conta Carolina.

Com a formação de um “estoque mais fluído”, como diz a analista da InTrend, é possível que o varejista consiga, inclusive, trabalhar com os produtos remanescentes. “Se você encher a loja de ovo de Páscoa e não vender, terá que fazer liquidação. Se sobram bombons e barras de chocolate, isso continua nas gôndolas com o preço adequado. Acredito que muitos varejistas tenham apostado nisso”, comenta.

Crédito ou débito?

O avanço visto das vendas também foi sentido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Segundo as entidades, as consultas para vendas parceladas na semana anterior à Páscoa cresceram 3,24% na comparação com o mesmo período do ano passado. “Trata-se da alta mais expressiva desde 2014,(+2,55%). Nos anos seguintes, as vendas caíram 4,93% em 2015 e 16,81% em 2016. No ano passado, a alta havia sido de apenas 0,93%”, detalha Pellizzaro Jr.

Fonte: DCI